A Igreja de Roma não é fruto do trabalho do próprio Paulo,
nem de seus colaboradores diretos, sendo, provavelmente, resultado da conversão
de cristãos anônimos, cidadãos do império que, em suas constantes viagens,
entravam em contato com a fé cristã e traziam-na na bagagem. Não podemos
afirmar que os cidadãos romanos presentes em Jerusalém fossem responsáveis
diretos pelo surgimento da Igreja, mas o texto de At 2 atesta o fato de que
cidadãos romanos tiveram contato com o cristianismo, ao mesmo tempo que nenhum
registro confiável aponta a fundação da Igreja por um apóstolo – nem Paulo, nem
Pedro. A comunidade aparenta ser formada por judeus (o que explica o cuidado de
Paulo em mencionar repetidamente o Antigo Testamento – cerca de 60 vezes – e a
história de Israel) e gentios, mencionados diretamente na carta e
qualificando-se a si mesmo como apóstolo dos gentios. Se havia alguma tensão
entre os grupos em parte ela poderia ser tratada com as várias citações do
Antigo Testamento e do problema da raça judaica e seu endurecimento para dar
lugar a uma nova comunidade de predestinados independentes da raça, fazendo com
que todos, judeus e gentios, se vissem como um novo e único povo, conclamando
os judeus a olharem para a lei não como um fim, mas como um aio a conduzi-los a
Cristo ao mesmo tempo que mostra aos gentios os privilégios dos judeus de terem
sido escolhidos como caudatários da revelação de Deus. É geralmente aceito que
Paulo escreveu esta epistola tendo como residência a cidade de Corinto, por
volta dos anos 56 a 59 d.C. Mas, com que propósito ele o fez, já que não era um
dos seus fundadores? Apesar de conjecturas a respeito de uma espécie de
“testamento teológico” o texto da carta expressa claramente o seu propósito:
Paulo queria visitá-los, experimentar alguma forma de comunhão espiritual com
os romanos e dirigir-se para o oeste dando continuidade ao trabalho missionário
que vinha empreendendo, agora tendo Roma como sua base estratégica. Quanto ao
problema textual toda a carta apresenta uma mensagem unificada, a despeito de
existirem manuscritos que encerram a carta no cap. 14, todavia nem mesmo o fato
de Paulo apresentar saudações pessoais a uma Igreja ‘desconhecida’ é argumento
válido, pois o propósito de Paulo era entrar em contato com o maior numero de
cristãos romanos. A carta aos romanos mantem-se como um vivo testemunho tanto
da sabedoria de Deus quando da inexcusabilidade dos homens por não reconhecerem
os claros sinais da existência e poder de Deus resultando em licenciosidade e
revolta, mas nada disso diminui a glória ou a soberania de Deus. Paulo aborda
questões éticas, morais, políticas, pessoais de relacionamento entre os
diferentes grupos de cristãos existentes na Igreja lembrando que o Senhor de
todos é um só.
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