terça-feira, 21 de setembro de 2010

II. A IGREJA E A POLÍTICA

Leia primeiro o post anterior.

Enquanto age como sal e luz, a Igreja deve adotar o procedimento não de "apoiar politicamente" candidato "A", "B" ou "C", mas orar pelos seus governantes para que eles não usurpem atribuições que não lhes pertencem, louvar a Deus pelos acertos dos mesmos e ao mesmo tempo ser voz profética rejeitando os seus erros – especialmente quando estes erros são mais que políticos, são morais e espirituais. Aos mestres da Igreja cabe orientar a Igreja quanto às propostas que tem sido apresentadas, seja de forma direta, seja através de programas "ocultos", mas, jamais, determinar que os membros votem em qualquer candidato que seja. Não tem este direito, os mestres ensinam, mas não são senhores da consciência de ninguém.

Por enquanto ainda vivemos em um país democrático. É a democracia a melhor forma de governo? Não creio. Entendo que a melhor ainda é a teocracia, não a teocracia xiita, islâmica, mas o governo direto de Deus, que ainda experimentaremos. Mas, por enquanto, contentemo-nos com o que temos, teoricamente, o governo do povo, pelo povo e para o povo. Este trinômio não confere todo o poder à vontade do povo, mas limita o poder dos governantes que devem, por este eleitos, realizarem o melhor possível em beneficio do mesmo – ainda que às vezes isso vá de encontro aos desejos do povo.

Uma das maneiras de se sustentar a democracia é o voto. Há países onde o voto é um mero instrumento de sufrágio de governantes autoritários. Foi assim no Iraque de Saddam Husseim, é assim na Venezuela chavista, é assim no Irã dos aiatolás. O voto é apenas uma legitimização farsista de ditaduras. Ainda não é assim no Brasil: os cidadãos tem o privilégio e o dever de exercer esta responsabilidade, e isso deve ser feito consciente e livremente.

Este binômio, consciência e liberdade, implica que ninguém detém poder sobre o voto de outro, na forma dos antigos currais eleitorais [comuns no norte e nordeste, e revividos através das esmolas governamentais chamadas de "bolsa"]. Votar com liberdade significa que cada cidadão pode escolher em quem votar independente da vontade do poder econômico ou político que possui, à hora, a supremacia. Mas votar com liberdade também quer dizer que o individuo precisa ter as informações necessárias para fazer uma escolha consciente. E é aqui que mora o busílis, ou, para ficar mais claro, eis o "X" da questão. Sabe-se muito pouco sobre a trajetória política, pessoal e moral de muitos candidatos. E o atual modelo de campanha facilita, em muito, este esconder. Ao invés de revelar propostas, a atual campanha veta que as falhas dos políticos sejam expostas.

Ora, os candidatos [do latim "cândidus", puros] deveriam ser pessoas de reputação ilibada. Deveriam. Mas homens à semelhança de Fernando Collor, Renan Calheiros, Jader Barbalho, Severino Cavalcante, Ciro e Cid Gomes, Paulo Maluf – curiosamente todos fazendo parte de um mesmo arco político – são "cândidos"? O que o povo sabe sobre eles? Vale o mote de Maluf em campanhas passadas: "rouba mas faz"?!!! Não se trata de denegrir a imagem deste ou daquele candidato. Trata-se, muito mais, de expor o que eles são e o que fizeram e fazem.

Lembremos que os partidos políticos não são igreja. Mesmo que se denominem cristãos em suas siglas, estão longe de ser uma igreja. Pior que isso, usam indevidamente o nome de Cristo, que afirmou que seu reino não é deste mundo [Jo 18.36]. Nenhum partido vai poder fazer da tribuna púlpito. Não é da natureza do jogo político. Estamos tratando de entidades com natureza completamente diferente – o que não significa que devam ser antagônicos, embora haja partidos que se coloquem como anticristãos em seu programa de governo, embora não ousem afirmar isto publicamente. Chegaremos a este ponto um pouco mais à frente.

A Igreja é o reino de Deus – nenhum partido político pode mudar isso, nem mesmo fazer de uma nação o reino de Deus. Ele é mais do que isso – e este não é o intento do Senhor. Nenhum partido político terá o monopólio do bem [não há partidos de santos, quando tentaram fazer isso, mesmo na Igreja, o resultado foi a divisão da mesma, como aconteceu eu Corinto]. Mas é possível que algum partido se coloque como arauto do mal, como abertamente anticristão e se negue a reconhecer o lugar que é devido a Deus. O nazismo fez isso. O fascismo o fez. O comunismo encarnou magistralmente este papel, especialmente na China e em Cuba, escravizando suas respectivas populações.

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