O relacionamento do Brasil com os Estados Unidos parece sofrer de um complexo de conto de fadas. Mais na frente eu explico.
Primeiro, tenho que destacar que é uma obsessão da diplomacia brasileira conseguir um lugar permanente no conselho de segurança da ONU, com direito a veto. Em tempos idos isto significaria que o Brasil vetaria qualquer resolução contra Irã, Coréia do Norte, Sudão, Líbia e semelhantes. Mesmo agora se absteve de votar pela criação de uma zona de exclusão aérea na Líbia. E isto por não ter direito a veto. Se tivesse, talvez a atitude fosse outra.
Mas o que isto tem a ver com complexo de conto de fadas? Bem, navegando na popularidade do ex-presidente a diplomacia brasileira adotou a postura do lobo contra os três porquinhos: eu vou assopar, assoprar e derribar. Acontece que o conselho de segurança da ONU não é de palha ou de madeira podre. E o Brasil assoprou, falou alto e grosso [embora com a língua presa] pediu ajuda de seus amigos, tentou mostrar-se como uma potência e líder de um grupo de países alijados do conselho e nada conseguiu além de desconfiança internacional, como foi no caso do Irã [conseguiu um acordo que nada valia, como todos sabem, especialmente porque Ahmadinejad não estava nem aí para o Brasil ou quem quer que seja: ele tem sua próproa obsessão, a bomba atômica].
Agora, sem o mega-super-hiper popularíssimo assentado na cadeira presidencial, o Brasil muda radicalmente sua atitude. Continua o mesmo, muda apenas a atitude. Agora se apresenta como a velhinha, vendedora de maçã. Mostra isso na sua atitude subserviente ao complexo Obama de superstar… Cinelândia? Cristo Redentor? Camisa de clube nacional [Flamengo ou Vasco? – acho que não vai vestir nenhuma – ele nem sabe o que é futebol, soccer pra eles]? Show de carnaval particular? Discurso para multidões? Porque? Para quê tudo isso? Uma senhora carioca foi entrevistada sobre a presença de Obama e disse que: “Vai ser maravilhoso, eu vou adorar”… Adorar o quê? Maravilhoso porque? Será que ela sabe pra que Obama vem ao Brasil?
Os EUA estão quebrados, e precisam do mercado brasileiro. É só isso… Veja o que ele mesmo escreveu em artigo no jornal USA Today, deixando bem clara sua missão ao vir para o Brasil e América Latina: aumentar as exportações e arrumar mais empregos na indústria dos EUA para os norte-americanos. “Precisamos continuar brigando por cada novo emprego, cada nova indústria, cada novo mercado no século 21. Essa é uma das razões para a minha viagem à América Latina nesta semana - reforçar nossa relação econômica com vizinhos que terão um papel crescente no nosso futuro econômico”. Vai ser maravilhoso… para tirar os EUA da recessão e do desemprego…
Até a segurança do evento será feita pelus americanu, como diria o ex-presidente… Aviões nacionais estão proibidos de voar nas proximidades dos locais onde o presidoente americano estará… O governo brasileiro aceitou tudo, na esperança de que eles aceitem, em troca, sua maçã – que todo mundo sabe envenenada. E o que o governo brasileiro quer mesmo? A mesma coisa: um lugar no Conselho Permanente de Segurança da ONU.
Mudou o personagem, mas o objetivo continua o mesmo. A obsessão é a mesma. Vai conseguir? Tenho sérias dúvidas, até porque foi este mesmo EUA quem vetou a pretensão brasileira menos de 3 anos atrás. A política mundial não muda tão rápido quanto a troca de uma fantasia ou de ocupante de uma cadeira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário