O Japão foi destroçado por um número inimaginável de terremotos. Além dos terremotos, uma onda gigante. E se não bastasse tudo isto, o desastre nuclear de uma envergadura que ninguém imagina, ainda, a extensão. Mesmo as autoridades japonesas dizem não saber exatamente o que está acontecendo. Por exemplo, quais os danos no reator 2? Yukiya Amano, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica admitiu que pode ter havido danos no núcleo do reator 2 da usina de Fukushima e no chamado vaso de contenção primária. Expressou-se assim: “É uma rachadura? É um buraco? Não é nada? Isso não sabemos ainda”.
Para complicar, segundo informações divulgadas agora [22.45h, 15.03] os reatores I e II estão celeremente a caminho da destruição total [70% do núcleo do reator já está derretido, e a temperatura está em torno de 1.700oC]. Entretanto, ainda não há vazamento de urânio. Em Tóquio o nível de radiação já é 20 vezes maior do que o máximo permitido – e a expectativa é que a coisa piore ainda mais.
E tem gente achando isto bom. Como alguém pode ter um olhar de abutre sobre uma tragédia tão assustadora quanto a que tem acometido os japoneses? Milhões de lares destroçados. Pelo menos 10.000 mortos a serem chorados por uma nação que já foi destruída a menos de um século. Uma economia em frangalhos. Não vou me deter relatando detalhes da tragédia. A TV tem feito isto abundante e ininterruptamente. Mas pelo menos dois tipos de abutres já começaram a mostrar os bicos imundos.
O primeiro tipo é ilustrado pelo ministro do trabalho do Brasil, o petebista Carlos Lupi. Ele afirmou que num primeiro momento o Brasil vai exportar menos para o Japão, mas eles vão precisar comer, comprar aço, madeira e outros commodities que o Brasil produz. Disse de maneira clara que o Brasil vai lucrar com a tragédia japonesa. O estúpido feito ministro disse: “O Brasil vai acabar, apesar de não desejarmos essa tragédia para ninguém, não tendo prejuízo, até ganhando com isso”. Em outras palavras, o Lupi, ministro do trabalho, esfrega as mãos de contentamento porque isto pode gerar mais empregos no Brasil. É o jogo do contente ao contrário [leia o livro Pollyanna, de Elleanor H. Porter para saber o que é o jogo do contente].
O segundo tipo de abutre é o que se aproveita da tragédia para defender um apocalipsismo infundado. Guerras [o oriente médio está em convulsão, como sempre esteve], terremotos, maremotos, tsunamis… Para alguns é o julgamento de Deus sobre os budistas japoneses [lembro-me que houve alguns que culparam os americanos pelos ataques de 11 de setembro de 2001]. Mas quantos cristãos devem ter morrido nesta tragédia. Quantos perderam anos a fio de trabalho. Mas para alguns tudo isto é sinal do fim dos tempos. É, é mesmo sinal do fim dos tempos. Mas quanto tempo ainda? Não sei, e os abutres que começam a marcar datas vão enganar muitos incautos, ganhar muito dinheiro [como os aproveitadores da IURD ganhou dinheiro aos montes durante a crise do mercado imobiliário em 2009].
É inquestionável que Jesus Cristo vai voltar. Mas isto não exclui a solidariedade, o pesar pela dor dos japoneses. Se o Brasil vai lucrar com isso, não é o caso de esfregar as mãos publicamente. Lamentável a atitude do abutre Lupi. Também não é hora de enganar incautos e gente que, mesmo sendo instruída, não passa de analfabeto no que se refere ao conhecimento das escrituras. E isso por preguiça espiritual.
Oro para que Deus dê graça aos japoneses. Que o Senhor os console na sua dor. E que eles tenham um vislumbre da graça salvadora de Jesus Cristo. Mas não dou as mãos aos abutres. Para eles, apenas as pedradas que merecem.
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