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Um tribunal condenou nesta terça-feira a 14 anos e meio de prisão o ex-caminhoneiro alemão Detlef Spies, que admitiu ter violentado por 23 anos a filha, o enteado e a enteada, com quem teve oito filhos. O caso que chocou a Alemanha recordou o caso de Josef Fritzl na Áustria, que também submeteu a família a um calvário de mais de 20 anos. "Detlef tratou a família como se fosse sua propriedade e como se pudesse fazer o que quisesse com ela", comentou o presidente do tribunal, Winfrid Hetger, depois da conclusão do processo em Koblenz, oeste da Alemanha. "Exercia tal influência sobre a família que não precisava prender ninguém. Ele dizia às vítimas que o que fazia estava permitido", prosseguiu Hetger. Spies se declarou culpado de ter violentado muitas vezes, de 1987 a 2010, a filha biológica, Jasmin, e os dois filhos de sua mulher: um menino e uma menina, Natacha, com a qual teve sete filhos, com idades entre 15 meses e 11 anos. Uma oitava criança faleceu pouco depois do parto.
Os exames de DNA já haviam confirmado, no entanto, a paternidade de todas as crianças. O ex-caminhoneiro abusou sexualmente de Jasmin e Natacha desde que elas tinham 12 anos. A filha biológica era atacada uma vez por semana. O tribunal também o acusou de ter prostituído as duas em uma casa situada na pequena localidade de Fluterschen, de 700 habitantes, perto de Koblenz. Como o réu fez uma confissão completa na véspera da condenação, a promotoria foi levada a reduzir a condenação em seis meses da pena máxima de 15 anos. Spies geralmente atacava as vítimas com um cinto e com um chicote, segundo o promotor Thorsten Kahl. "Quando são somados todos os crimes, chegamos a uma condenação de 500 anos e 10 meses de prisão, mas a legislação alemã não aceita este número", destacou o juiz, que impôs uma condenação de 14 anos e seis meses.
A sentença foi recebida com gritos de comemoração, enquanto o condenado se mostrou impassível. O processo evidenciou as falhas dos serviços sociais e a passividade das pessoas próximas à família, que tem 15 membros. O enteado, Bjorn, afirmou aos jornalistas diante do tribunal que havia alertado os serviços sociais e criticou o fato de não terem descoberto o sofrimento das crianças. O processo revelou que a polícia abriu uma investigação em 2002, mas arquivou a mesma depois que a filha de Spies negou as acusações, enquanto a enteada permaneceu em silêncio. Spies foi arrestado em 10 de agosto de 2010 depois de ser denunciado pela enteada. A mulher do condenado foi testemunha no processo, sem ter sido acusada de cumplicidade.
Há mesmo justiça em uma pessoa pagar por 14 anos e meio crimes que cometeu ininterruptamente durante 23? Reduzir uma condenação de 500 anos para 14? Qual a mágica matemática? É como se ele estivesse sendo punido pela metade. Acho a decisão da justiça alemã injusta. Isto além do fato de que a justiça não atendeu as crianças quando houve oportunidade.
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