sexta-feira, 17 de junho de 2011

ESTEJA PRONTO PARA GUERRA

A01Ef 6.11-13

A maioria de nós não tem a menor ideia do que é uma guerra. Também não temos a menor ideia do que é usar uma armadura. Também podemos lembrar que revestir-se de uma armadura não é uma ideia especialmente agradável porque ela pressupõe pesos que precisam ser carregados - e nós não gostamos disso. Entretanto, o apóstolo Paulo coloca a mensagem no modo imperativo, e somos levados a entender que trata-se de uma ordenança que os cristãos devem levar em consideração em seu viver. E, embora o entendimento que se tenha hoje nas igrejas evangélicas seja muito diferente do que tinha o apóstolo Paulo, ainda assim há um trio de poderosos inimigos que precisam ser enfrentados, muito embora eles já estejam derrotados: o ego, o mundo e o diabo.

O cristão deve estar vestido de maneira definitiva, permanente. Este revestir-se pode ser tomado como algo característico do cristão, como se fosse impossível ser cristão sem estar revestido da armadura de Deus. Se levarmos em conta os elementos desta armadura fica ainda mais fácil entender sua essencialidade: verdade, justiça, evangelho, fé, salvação e a presença permanente do Espírito Santo. O demonstrativo para que indica a finalidade do revestimento com a armadura de Deus. Isto quer dizer que ela não é um acessório, um adereço eletivo, mas é-nos dada como imprescindível para a jornada cristã. A armadura de Deus serve para que o cristão tenha poder, capacidade ou capacitação para:

FICAR FIRME CONTRA AS CILADAS DO DIABO

A expressão ficar firme indica que o cristão não pode titubear, ser frouxo ou de ânimo dobre diante das adversidades. Sua atitude deve ser ousada, destemida, enfrentando o inimigo sem dar-lhe os flancos ou as costas. Diferente do que se pensa a guerra do cristão não é uma guerra de assalto, mas de defesa, de resistência [Tg 4.7]. Trata-se muito mais de não abrir mão da vitória já alcançada do que de alcançar novas vitórias. A Escritura afirma que em Cristo somos mais que vencedores [Rm 8.37]. Ora, quem é mais que vencedor não precisa conquistar novas vitórias, precisa apenas usufruir das mesmas. A sua vitória está consolidada. Mas também não pode abrir mão da vitória. Não pode sair da sua fortaleza. Embora o inimigo esteja inapelavelmente vencido, ele ainda está vivo, ativo, e é capaz de devorar quem se aventura sob suas presas [I Pe 5.8]. As ciladas do inimigo de nossa alma indicam que ele constante, insistente e metodicamente procura infligir danos aos santos do Senhor. Seus truques e artifícios são mais inteligentes e hábeis do que podemos suspeitar. Ele tem larga experiência com o enganoso e corrupto coração dos homens... E é capaz de armar ciladas tentadoras contra as quais precisamos estar atentos, usar o que o Senhor nos oferece como livramento [sua armadura] e, ao contrário do que se pensa, suportar, ficar firme, não fugir, mas permanecer e vencer [I Co 10.13]. Essas armadilhas tem como principal atrativo o fato de fazerem parte da natureza do homem caído e serem por ele desejados: pensamentos maliciosos, amizades, situações constrangedoras onde a mentira parece ser a única estratégia. É a velha natureza, o homem interior corrompido, o pecado que habita em nós e que nos leva a fazer o que não devemos e sabemos dever evitar [Rm 7.19]. O pecado só é perigoso por que é, para esta natureza caída, desejável e gostoso. Contra tudo isto só a verdade, a justiça e a fé, proporcionando uma vida mais reta diante de Deus e dos homens [I Pe 2.12]. A armadura de Deus é eficaz contra os pecados de comissão, omissão e pensamento. Ela nos protege dos inimigos e ao mesmo tempo nos identifica como servos do Deus vivo e santo.

RESISTIR NO DIA MAU

A orientação paulina é que, diante dos principados e potestades, diante dos dominadores e opressores espirituais, o cristão deve ter uma atitude reativa. Não se trata manter-se passivo diante dos ataques do inimigo. A passividade não combina com o cristianismo nem com o espírito de Cristo [At 10.38]. O encontro de Jesus com o endemoninhado geraseno ilustra esta verdade: a legião de demônios somente se manifesta após o Senhor ordenar-lhe libertar aquele homem que vinha sendo mantido escravizado. Os inimigos de Cristo lutam insistentemente, metodicamente e com todos os truques e armas possíveis para terem o máximo de espaço e visibilidade. Usam as armas da cultura, da ciência, do entretenimento. Aproveitam-se dos anseios do coração dos homens – e do seu comodismo também. Ocupam cada espaço que possam encontrar - e aproveitam-se da letargia de um cristianismo que não sabe o que é ser cristão. O cristianismo atual é hedonista, prazenteiro. É caracterizado por uma ansiedade por sentir-se bem, e é muito comum os membros das igrejas migrarem para locais onde haja a promessa de bênçãos imediatas e temporais. Para estes um dia mau é um dia onde as coisas comuns não dão certo. Ser cristão num contexto de bênção é relativamente fácil. Mas Paulo diz que o cristão precisa estar pronto para resistir, para opor-se ao inimigo no dia mau - este não é um dia literal de 24h, mas certamente Paulo refere-se ao momento em que o cristão tem sua fé efetivamente provada. Quando tudo parece perdido o cristão tem a confiança de que seu Senhor há de protege-lo [II Tm 1.12] e lhe dará a vitória mesmo quando o inimigo regozijar-se numa aparente vitória sobre os servos do Senhor [Dn 3.17].

PERMANECER INABALÁVEL

O cristão fiel, obediente, fica firme diante das ciladas do diabo, guarda firme a confissão de sua fé mesmo quando duramente atacado [Hb 12.4] porque está alinhado sob a bandeira do seu Senhor vitorioso. Sabe que embora a luta seja dura, permanecendo sob a liderança do seu Senhor não será destruído [Sl 91.7] porque está estabelecido sobre a rocha que não pode ser abalada [Mt 7.24-25], tem fundamentos. E este fundamento é Cristo e a capacitação que ele dá, aqui chamada de “armadura”. Embora a palavra grega tenha sempre a mesma ideia e raiz [histêmi], o pensamento paulino apresenta uma progressividade que conduz a um clímax glorioso. Aquele que fica firme diante das ciladas, das armadilhas, das articulações malignas é capacitado a resistir quando, no dia mau, for atacado pelos principados, pelas potestades, pelos dominadores espirituais deste mundo tenebroso que usam, em seus propósitos, homens e mulheres - mas não é contra eles, essencialmente, que o cristão luta. Assim como o cristão é agente do reino de Deus o império das trevas também tem seus agentes que precisam ser identificados para que a resistência possa ser organizada, como no recente caso do kit gay do ministério da educação e a PL 122 , mas é contra a inspiração espiritual destes agentes que a armadura de Deus é eficaz. Mas o que Paulo faz questão de destacar é que só pode permanecer inabalável quem for “pesado”, testado [Tg 1.3] e aprovado. Conta-se que, certo dia, um soldado macedônio foi levado à presença de Alexandre, o Grande, acusado de covardia e deserção. A pena era a morte. Alexandre ouviu a denúncia, e perguntou o nome do soldado, que respondeu chamar-se Alexandre. Numa atitude surpreendente, o grande general diz-lhe: “Muda de vida, ou muda de nome”. Não basta usar o nome de cristão, tem que viver como cristão autêntico. Ainda que venhamos a perecer aqui, temos um tesouro muito maior aguardando-nos na glória, como, por diversas vezes, o Senhor afirma no livro da revelação [Ap 2.7, 17, 2.26, 3,12, 3,21].

A palavra chave de toda esta passagem é permanecer. Diante de nós é exposta a doutrina da perseverança dos santos. Diferente do o humanismo tolo reinante no atual cristianismo não há aqui o menor vislumbre de glorificação dos esforços humanos. Pelo contrário, entender que é a armadura que Deus nos dá que nos capacita a não perecer sob as investidas do adversário. A armadura é de Deus, o poder é de Deus. A responsabilidade de usá-la adequadamente é inteiramente nossa. A melhor definição de perseverança que eu encontrei é a de Paulo ao afirmar a Timóteo que mesmo diante da nossa infidelidade [sabemos que não conseguimos ser perfeitos - I Jo 1.8] Deus permanece fiel a suas promessas e a seu propósito pois não comete erros de espécie alguma. Tendo-nos escolhido, ele continuará a nos conduzir até a conclusão do seu plano eterno [II Tm 2.13].

Nenhum comentário:

FAÇA DESTE BLOG SUA PÁGINA INICIAL