A disputa pelo poder entre lideranças de duas entidades envolvidas com o processo de reforma agrária, o Movimento de Luta pela Terra (MLT) e Federação da Agricultura Familiar (Fetag), no extremo sul baiano, está afetando a distribuição de cestas básicas a pequenos agricultores na região. As famílias estão acampados numa fazenda de 1,333 mil hectares, cuja posse é disputada pela empresa Veracel Celulose e o governo baiano. Há um mês, o MLT recebeu cerca de 7 mil quilos de alimentos. Contudo, segundo o representante da Fetag, Wedson Souza Santos, o Gazo (ex-integrante do MLT) cerca de 60 famílias assentadas que se desligaram do movimento estão sem receber as cestas básicas. Gazo e Juenildo Oliveira Farias, o Zuza, coordenador do MLT, trocam acusações diversas e dizem que já houve até ameaças de morte – é, quando os líderes populares se desentendem, a solução é sempre a mais popular possível [a morte do "Pelado" em Nova Ipixuna, com a participação do pseudo-mártir José Cláudio é só um exemplo].
Quinze militantes ligados a Fetag prestaram queixa na delegacia do município de Eunápolis no último dia 23, afirmando que suas famílias estão sem receber cestas-básicas há um mês porque Zuza teria se apropriado indevidamente do alimento. A reportagem do jornal A TARDE apurou que o material está guardado num barraco no acampamento do MLT, na Fazenda São Caetano, justamente a que está em disputa entre o Estado e a Veracel [enquanto isto os outros companheiros mas que já não são tão companheiros assim passam fome]… Na queixa policial, eles dizem que Zuza não está dando mais as cestas-básicas pelo fato de eles terem deixado o MLT e ido para Fetag, junto com Gazo, que até já colocou bandeiras da entidade nas proximidades do acampamento Baixa Verde, onde estão as cerca de 70 famílias de militantes do MLT. Gazo quer que as cestas-básicas sejam destinadas aos liderados por ele. Zuza rebate e diz que apenas doze famílias do MLT foram para a Fetag e por isto não têm mais direito ao alimento.
Afinal, os alimentos foram dados pra FETAG ou para as famílias de sem-terra? E o que custa dividir o que não lhes custou nada – e que em breve deve chegar mais?
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