MINHA FAMÍLIA PODE SER RESTAURADA [I Pe 3.1-7]
Quando lemos a bíblia, devemos levar em consideração alguns fatores muito importantes. Sem dúvida que ela é a nossa regra de fé e prática. Consideramos a bíblia infalível em tudo quanto visa nos ensinar. Entretanto, existem várias maneiras de interpretar e aplicar o ensino bíblico.
Pretendemos estabelecer alguns princípios que nortearão nossa leitura da bíblia.
i. Ela é a Palavra de Deus – isto não pode ser menosprezado por um cristão sincero e verdadeiro [Hb 1.1-2];
ii. O que Deus pretendeu que fosse escrito foi realmente escrito. A intenção de Deus foi preservada e transmitida pelo caráter e cultura dos autores. E esta intenção é única, ainda que às vezes seja difícil entender [II Pe 3.16];
iii. Nenhuma passagem da Escritura pode ser interpretada segundo os desejos particulares de quem quer que seja. Ela tem que ser comparada com tudo o mais que a própria Escritura ensina [II Pe 1.20].
Após estabelecer esta base devemos levar em consideração que há muitas interpretações divergentes a respeito do que a Escritura ensina, mesmo entre aqueles que aceitam a bíblia como autoridade final. Como, então, resolver este problema? Precisamos considerar algumas peculiaridades do texto bíblico:
i. Ele foi escrito em outras línguas [que são diferentes até mesmo das suas versões modernas – grego e hebraico];
ii. Ele foi escrito para pessoas que moravam em uma região muito diferente da nossa, com paisagens que não temos para comparar [montes nevados, desertos];
iii. Ele foi escrito há muito tempo, e as pessoas tinham costumes e cultura muito diferentes dos nossos [entre 3600 e 2000 anos].
Entretanto, há algo que não mudou nestes mais de 3 milênios, e que ainda deve ser observado: o princípio orientador do texto. A força da gravidade é a mesma, independente de quem a descreve. O sol e a terra estão em movimento, independente se a descrição deste movimento é científica ou fenomenológica. Por isso ainda precisamos interpretar o texto, e não reinterpretar a intenção do autor.
Para se compreender o texto é preciso se reportar à época em que Pedro estava escrevendo e às condições sociais e culturais daquele período. Quando se trata da família, devemos nos perguntar: como era constituída a família do período neotestamentário? Como era a família veterotestamentária? A constituição cultural da família do período bíblico valida ou invalida a orientação de Deus para as famílias de todas as épocas?
Muitos estudiosos estão relativizando a aplicação do que os apóstolos escreveram com base nos estudos antropológicos e sociológicos efetuados sobre o que se conhece das famílias e da cultura daquele período. Partem do pressuposto de que os escritos dos apóstolos refletem a cosmovisão daquele período e não, necessariamente, a orientação de Deus para todas as épocas.
Mas isso nos colocaria diante de várias indagações: Paulo não entendeu direito o que o Espírito quis que ele escrevesse? Se entendeu e escreveu outra coisa, então ele deliberadamente desobedeceu? Se não entendeu, houve falha em quem: no Espírito que não soube comunicar ou no apóstolo, santo e inspirado, que não soube entender e registrar? Por outro lado, se Paulo entendeu e registrou, mas isso refletiu apenas a visão da época, e hoje é diferente, então temos um Deus mutável? Se adentrarmos no caminho da dúvida, vamos acabar nos perdendo em um labirinto de questões insolúveis. Mas o nosso ponto de partida para nossa reflexão é: os apóstolos e profetas registraram exatamente o que Deus quis que fosse registrado, independente dos costumes de seu tempo. A orientação de Deus é supra cultural e supra temporal. Tendo isto como norma, vejamos algumas informações gerais [sempre houve exceções] sobre as famílias do I século:
i. A mulher invariavelmente adotava a religião do esposo. A conversão de um homem não era problema para a estrutura familiar. Mas a conversão de uma mulher significava tomar uma atitude impensável à época, e podia gerar grandes transtornos. Era inconcebível a mulher abandonar a religião do marido;
ii. A mulher era dependente do marido para a tomada de decisões. Não tinha direitos ou propriedades.
iii. Os filhos eram totalmente dependentes do pai. Não podiam sequer se fazer representar em procedimentos públicos sem o aval específico do pater familias.
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