Ser presidente da República é a oportunidade de você juntar o que há de melhor no país a serviço do país. Quando eu penso em ser presidente da República, a primeira coisa que penso é isso: na produção que nós temos ao longo de todos esses anos, de séculos, do que foi acumulado positivamente, falando na economia, na cultura, na política, na ética, nas artes, na espiritualidade, e (penso) que tudo isso possa se encontrar num projeto que, com base naquilo que a tecnologia e a ciência podem nos suportar e nos dar de apoio, possa se colocar a serviço da melhoria da vida das pessoas, do lugar onde a gente vive, que é o Brasil, e como esse lugar pode contribuir com o mundo. E obviamente que, pensando assim de forma tão ampla, você tem que traduzir isso do ponto de vista prático.
E traduzir na prática para mim não é difícil, porque, ao longo desses 52 anos de vida, transitei de A a Z neste Brasil profundo, Sempre digo que conheço as sinas dos que foram entendidos como indigentes nos hospitais do Brasil. E conheço o banco mais precário da escola do Brasil, que foi o Mobral, que foi a fresta por onde eu entrei. E conheço as universidades mais importantes do Brasil, as instituições de pesquisa, E sei que o que falta para este país é construirmos as oportunidades certas para os diferentes segmentos da sociedade (…) para que possamos desenvolver nossas potencialidades como povo, como nação, como a oportunidade econômica, social e cultural. Então, ser presidente da República, para mim, é tudo isso. Obviamente que um desafio como este não é um desafio de uma pessoa.
É o desafio de um povo, onde uma pessoa se coloca a serviço (desse povo). Em primeiro lugar, com uma nova visão. Uma visão nova de desenvolvimento, uma visão de economia que seja capaz de se pensar e integrar os fazeres dessa imensa diversidade brasileira. A economia é importante, mas ela se integra ao mundo das artes, da ciência, aos desafios sociais, aos desafios ambientais e culturais deste país. É como integrar tudo isso numa única equação que seja capaz de mudar o modelo de desenvolvimento, (…) de promover a inclusão e a justiça social, onde a educação possa se constituir como uma prioridade no decorrer do processo político.
(…) E, ao mesmo tempo, onde o grande desafio é fazer com que os brasileiros e as brasileiras possam estar mobilizados em torno de um novo projeto. O Brasil vive o fechamento de um ciclo, que é esse ciclo de 16 anos, e está pronto para a abertura de novo ciclo. Da mesma forma que fomos capazes de abrir o ciclo da industrialização, com JK, hoje estamos aptos a abrir o ciclo da revolução na educação e tirarmos todo o atraso que um país como o nosso, que é uma potência ambiental, tem em relação ao conhecimento, à tecnologia, à inovação, e a integrar tudo isso ao melhor da tradição. Porque não vejo uma separação entre aquilo que o povo sabe como experiência e aquilo que o povo sabe como ciência. Então, pretendo fazer juntando essas duas coisas: tradição e modernidade numa mesma equação, para que a gente possa ter um Brasil mais justo, mais fraterno, mais democrático e feliz.
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