Dizer que a derrota dos brasileiros frente aos holandeses no estádio Nelson Mandela Bay, na África do Sul, foi uma "tragédia anunciada" é um evidente exagero. A derrota era esperada, nunca antes nestepaiz uma seleção chegou tão desacreditada quanto esta [talvez algo parecido tenha sido a de 1990, dirigida por Sebastião Lazaroni]. Comentaristas de todos os tipos chegam a justificar a "tragédia" elencando alguns fatores, tais como:
- Uma equipe que não demonstrava alegria, não vinha jogando um futebol que fosse digno representante do estilo de jogo brasileiro, tanto que a sua principal característica era a defesa e o contra-ataque;
- Um time que tinha como suas principais esperanças a defesa [melhor goleiro do mundo, melhor zaga do mundo, melhor lateral direito do mundo, etc… chegou a jogar com 3 voltantes – sei, a palavra certa é volante, mas eles se comportavam como zagueiros também. Ora, se era a melhor zaga do mundo, pra quê 3 volantes?] contra times como Zimbábue e Coréia do Norte [se fosse pelo menos a do sul], um "craque" baleado [Kaká] e outro marrento e improdutivo [Robinho] e um centroavante que não fazia gol [e completamente inútil em pelo menos 3 dos 5 jogos desta copa];
- Um time que aliava despreparo emocional à arrogância dos jogadores e técnico [já escrevi aqui sobre a hubris, em outro contexto]. A pretensão de ser considerada o melhor selecionado do mundo [como também ocorreu com Cristiano Ronaldo, o português que era cotado para ser a grande estrela desta copa], de achar que o jogo contra os holandeses estava ganho, a demora do técnico em modificar um time que sabia-se com problemas já no início do segundo tempo. Porque não trocar logo Felipe Melo pelo Júlio Batista, por exemplo? Não se perdia em marcação e ganhava-se em ofensividade. Esperou o Melo ser expulso [todo mundo esperava que isto acontecesse na primeira oportunidade] e depois tirou o centroavante [improdutivo] para colocar outro – já perdendo o jogo, e então para melhorar a força de ataque teve que contar com Lúcio, um bom zagueiro, mas como segundo atacante muito ruim;
- Finalmente, já se sabia que esta equipe só tinha banco para sentar, porque opções de mudança tática ou técnica não havia. Levar o Grafite pra quê? O Kleberson? O Júlio Batista? Quando este time precisou de alguma criatividade e qualidade contra Portugal colocou em campo um volante, Ramires [qualidade e criatividade?]. Nem é necessário lembrar os nomes que o técnico deixou de fora na hora de convocar os 23. Para furar a defesa holandesa [uma peneira] a opção era o Nilmar?
Entretanto, chamar o fracasso esperado de uma tragédia anunciada é ir muito longe. Não é uma tragédia. Acho até que esta copa estava mesmo muito sem graça – agora pelo menos a TV vai nos dar algum sossego e tratar de assuntos mais relevantes. Que tal lembrar dos dossiês, por exemplo… quem fez, quem levantou os dados fiscais do Eduardo Jorge [PSDB]… de onde vinha o dinheiro para pagar os investigadores que poderiam fazer um dossiê contra Serra e Marcelo Itagiba?
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