De tempos em tempos o milagrismo invade a Igreja cristã, numa aparente reedição dos eventos marcantes do primeiro século, nos dias do ministério terreno de Cristo e anos subsequentes, com os apóstolos enviados diretamente pelo Senhor Jesus. Aconteceu com o montanismo, aconteceu com o profetismo do período pré e pós-reformado. E foi reeditado à partir do início do séc. XX à partir dos Estados Unidos numa onda que se alastrou pelo restante do mundo, numa reação à ortodoxia fria que havia tomado conta da Igreja cristã, e que ameaçava a sua existência. Todavia, a promessa de Deus é que a sua Igreja não seria destruída – e tampouco o inferno poderia lhe resistir [Mt 16.18]. Com uma profusão de milagres anunciados todos os dias, com pregador de si mesmo dizendo que é desnecessário conhecer os milagres de Jesus porque ele faz num dia mais que Jesus em toda a bíblia, uma questão surge: Deus ainda manifesta a sua graça em nossos dias? Apesar do milagrismo e do profetismo atual, eu creio que sim. Creio, entretanto, que eles não estão tão presentes assim na mídia. Não são prometidos com dia e hora através dos grandes homens – num fenômeno muito parecido com o que os apóstolos encontraram em Samaria [At 8.9-11]. Insisto em afirmar: Deus ainda manifesta a sua graça – mesmo nos dias de hoje e apesar da incredulidade e dos embusteiros. Considerando que Deus ainda age, ainda demonstra sua graça e poder em nossos dias, quais devem ser as reações à sua ação maravilhosa? O que podemos esperar como reações das pessoas diante do poder de Deus sendo manifesto na vida de homens e mulheres em nossos dias.
O texto selecionado para nossa edificação nesta oportunidade permite analisar diferentes reações à ação libertadora do Senhor Jesus, que havia acabado de dar uma impressionante demonstração de seu poder ao mandar que o mar e os ventos se acalmassem.
Em seguida Jesus dirige-se a uma região onde, usualmente , um judeu não pisaria, especialmente pelo fato de que ali se criavam porcos para serem comercializados com os romanos que estavam lotados nas fortalezas às margens do mar da Galileia. Sabemos o que os judeus, por causa das leis de pureza mosaica, não apenas não criavam porcos, mas também abominavam os que os criavam – eles sequer falavam o nome dos bichos. Ao chegarem ali, um encontro inesperado. Ao seu encontro vem um homem possesso, nu, que não conseguia ficar entre os vivos e refugiava-se entre os mortos [v. 27]. Nem mesmo cadeias e grilhões podiam segura-lo, ele as despedaçava e era impelido pelos demônios para o deserto. A encontrar-se com o Senhor Jesus o endemoninhado é liberto, e os demônios [uma legião deles - vale lembrar que uma legião de soldados romanos contava com cerca de 6.000 soldados, o que não quer dizer que ali houvesse a mesma quantidade de demônios, mas muitos deles] recebem autorização para tomarem porcos que por ali se encontravam. E os porcos, em desespero, se lançam no despenhadeiro que havia nas proximidades. E é à partir daqui que observaremos algumas reações à manifestação da graça de Deus.
O FATO: o endemoninhado é liberto, e sofre transformações substanciais em sua vida. O homem que era impelido em desespero para a solidão dos desertos agora encontra-se assentado, aos pés de Jesus. De enlouquecido destruidor de cadeias agora é visto em perfeito juízo. Aquele que vivia nos sepulcros agora está entre os vivos. Aquele que não conseguia aguentar o menor traço de sociabilidade agora está vestido como todos os demais.
FUGA: Os porqueiros fogem ao constatarem o que havia acontecido, mesmo diante de um fato extraordinário e verídico, diferente da maioria dos feitos teatrais da atualidade. Esta atitude dos porqueiros não é em nada diferente da que a maioria das pessoas ainda continuam a ter diante de manifestações graciosas de Deus, como quando acontece quando uma família tem um drogado, um viciado, um desajustado social e espiritual transformado em servo de Deus e mesmo assim rejeitam tanto ao autor quanto ao alvo da graça. O relato que eles fizeram da atuação de Jesus deve ter sido aterrador, pois eles próprios nunca tinham visto nada parecido.
REJEIÇÃO: Os habitantes da região, curiosos após o relato dos porqueiros, sem aceitar um mero relato, vem até Jesus e, ao constatarem a veracidade dos fatos narrados, vendo o homem transformado e assentado tranquilamente aos pés de Jesus, salvo pela graça do Senhor, tomam uma atitude inesperada: mostram que não querem a bênção do Senhor e rejeitam sua presença, rogando-lhe que se vá embora. Literalmente, preferem a porcaria ao invés do santo. Em resumo, eles rejeitam a Jesus por medo e por interesses pessoais contrariados. Passaram a pensar que, por Jesus ser judeu e os judeus sequer falarem os nomes dos animais que criavam, ele acabaria com seus rebanhos, como aconteceu com aquele que estava nas proximidades quando ele libertou o geraseno.
GRADITÃO: O endemoninhado, liberto, restaurado, salvo pelo Senhor Jesus, demonstra ser o único que está em perfeito juízo. E roga a Jesus, quando este atende o pedido dos habitantes da região, que lhe permita segui-lo. Ele queria mostrar a todo mundo que amava o seu libertador, que tinha uma profunda gratidão ao Senhor que o libertou. Numa atitude que muitos poderiam, à primeira vista, considerar estranha, Jesus lhe nega este pedido, mas, ao mesmo tempo, dá-lhe algo maravilhoso: o homem que vivia nos desertos, entre os mortos, agora tem uma missão: proclamar a vida aos mortos espirituais. Chamar à razão aqueles que se julgam no mais perfeito juízo. Ele deveria anunciar - e a sua simples presença, vestido, em perfeita razão, em sua casa e na cidade já era um impressionante testemunho do que Deus é capaz de fazer.
Ainda encontramos as mesmas reações às demonstrações da graça de Jesus nos nossos dias, nas nossas igrejas. Jesus continua transformando vidas, salvando pessoas, restaurando famílias e ainda encontramos pessoas fugindo de Jesus. Outros ainda preferem os seus próprios interesses e tradições. E ainda há os que entregam suas vidas nas mãos do salvador. Como você tem reagido às demonstrações da graça de Deus em sua vida?
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