quarta-feira, 18 de maio de 2011

A DROGA DA ANTIDROGA… por JOSÉ SERRA

Em site do economista José Serra

A respeito do consumo de cocaína no Brasil, diretamente ou via crack e oxi, há pelo menos duas certezas: a) o governo federal continua achando que o problema não é tão grave; b) seguirá fingindo que vai enfrentá-lo. Essas certezas são asseguradas pela própria Secretaria Nacional Antidrogas – SENAD, cuja titular deu ontem entrevista à Folha. A dose de insensatez por centímetro de texto é das mais elevadas dos últimos tempos, o que não é pouco dizer. Entre outras coisas, ela se manifesta contra as clínicas de internação e tratamento de dependentes químicos (posição tradicional do PT), minimiza o impacto da cocaína e seus derivados na população brasileira, ameniza seus efeitos sobre a saúde das pessoas, e anuncia que “o governo está investindo no patrulhamento das fronteiras” por onde entra a droga. Maravilha.

Só que o governo atual está desinvestindo no já precário patrulhamento das fronteiras, como apontei em dois textos – um deste site e outro no Estadão. O próprio ministério da Saúde estima em 600 mil o número de usuários do crack no Brasil. Apenas em São Paulo, e de janeiro a abril deste ano, a polícia estadual apreendeu cerca de 4,3 toneladas de cocaína e crack.

A coisa menos insensata que decorre da entrevista é a demonstração de que o programa do governo federal de combate ao crack, anunciado melodramática e enfaticamente durante a campanha eleitoral, nunca saiu nem vai sair do papel ou das telas da propaganda televisiva.

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