Hb 11:23
Anrão é praticamente um desconhecido. Joquebede é lembrada de vez em quando em ocasiões em que se fala de mulheres de fé. Mas, quem é este casal? O que eles tem de importantes para serem lembrados? Anrão e Joquebede eram judeus, descendentes de Levi, vivendo no Egito, nos tempos pós-José. O faraó era agora um feitor, inimigo dos hebreus, e havia ordenado a morte de todo filho homem dos judeus, que eram agora um povo numeroso [calcula-se que seriam em torno de 2.000.000 - número que aumentaria nos anos subsequentes].
Apesar da ordem de faraó, Anrão e Joquebede decidem ter mais um filho [já tinham um casal]. Ao invés de mata-lo, decidem preservá-lo movidos pela fé em Deus [Hb 11.23].
Não podemos esquecer o contexto em que este casal viveu. Este relato marca a transição do livro dos começos, da origem do mundo e do povo de Israel para o relato da saída, que marca a transformação de um povo tribal em uma nação. Israel chegou no Egito sob o patrocínio de faraó, impressionado pela habilidade de José em administrar seu reino durante 9 anos [7 anos de fartura e 2 de seca]. Cerca de 400 anos depois os faraós pertenciam a outra estirpe.
O nome de José não lhes dizia nada [não conhecia José - Ex 1.8], então não havia razão para tratar bem os estrangeiros hebreus - e assim eles são escravizados [Ex 1.9-10]. O medo de um povo tão unido levou Faraó a, sem saber, decretar o início do processo de cumprimento da promessa de Deus de levar o povo de volta para a terra que lhes prometera.
A primeira atitude de faraó foi colocar os hebreus sob trabalhos forçados. Como Israel continuava a crescer, determinou que todo filho homem dos israelitas deveria ser morto ao nascer [para isso ordenou que as parteiras egípcias fizessem esta obra, mas elas se recusaram - Ex 1.15-17] - as mulheres seriam úteis como mão de obra e como concubinas dos senhores egípcios.
Não sabemos o que de especial havia no recém-nascido, mas Anrão e Joquebede perceberam que aquela era uma criança especial [e qual criança não é especial para seus pais?] dentro do desenrolar do propósito divino. Por fé resolveram proteger o menino, escondendo-o. Mas como esconder uma criança que não sabe a hora de fazer silêncio? Conseguiram fazer isso por três meses, mas quem tem vizinhos tem medo, e o risco era enorme para toda a família - mas acreditavam também que Deus continuaria cuidando da criança, fosse qual fosse a situação.
Mas como impedir que a criança fosse morta pelos egípcios? A resposta encontrada foi: os egípcios não matam os filhos dos egípcios. E Joquebede urdiu um plano: fez uma cesta de bambu, vedou os buracos e colocou a criança dentro, levando-o para o rio e deixando-o num lugar onde sabia que haveria egípcios a banhar-se [lembremos que os egípcios tinham o rio Nilo como se fora um Deus e é possível que o banho da princesa egípcia fosse um banho ritual, e a mesma tenha tomado o aparecimento da criança como uma dádiva divina].
Mais do que sob os cuidados da filha de faraó Anrão e Joquebede sabiam que o menino, agora chamado Moisés [tirado das águas], estava sob o cuidado divino. E Deus agiu de maneira inesperada e surpreendente. Não apenas preserva a vida de Moisés como coloca-o sob a proteção do próprio faraó.
A irmã de Moisés, Miriam, ficou observando o que acontecia, e, quando a filha de faraó encontrou a criança correu a oferecer uma “ama hebreia para criar a criança para ela [Ex 2.7]. A proposta feita foi imediatamente aceita. E Miriam trouxe ninguém menos que Joquebede, a própria mãe da criança [Ex 2.8], que, além de poder criar e educar o próprio filho, ainda teve um salário [Ex 2.9].
A fé que havia no coração de Joquebede e Anrão conduziram-nos a alguns resultados:
i. Desobedeceram uma ordem injusta, de matar os próprios filhos [At 5.29].
ii. Obedeceram a Deus mesmo colocando em risco a própria vida [At 21.11-14].
iii. Tomaram uma atitude de risco confiando na ação de Deus [Dn 3.17-18].
iv. Receberam a recompensa da fé [Cl 3.24; Mt 15.28].
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O que torna Anrão e Joquebede especiais é que eles estão na galeria dos heróis da fé. E entraram nela porque creram no poder de Deus para agir soberana e poderosamente, apesar de tudo indicar que a tragédia era inescapável. Além disso podemos ver que a fé é recompensada. Se a recompensa não chegar aqui, chegará na glória [Lc 16.25]. Deus não deixa de honrar aqueles que nele creem - e mesmo a morte não é uma derrota para o cristão [Jo 11.25]. Somente o cristão pode cantar: Oh! Morte, onde está, Oh! morte, a tua vitória? [I Co 15.55]. Cristo derrotou a morte, e, em Cristo, somos mais que vencedores [Rm 8.37]. Esta é a nossa vitória sobre a morte e sobre o mundo, a nossa fé [I Jo 5.4].
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