sábado, 28 de maio de 2011

SUPREMA ASPIRAÇÃO PASTORAL

gurupi4Há coisas que não deveriam nos surpreender mais, mas a capacidade humana de "criar" é realmente incrível. Há aqueles que, não tendo a visão correta do ministério, começam a trabalhar na seara do Senhor com objetivos meramente mundanos. Vejamos: certa vez um jovem afirmou que queria abraçar o ministério em sua denominação – graças a Deus não era a igreja Presbiteriana – para poder escolher entre as meninas mais bonitas da igreja aquela que seria sua esposa. Estaria pensando ele em criar algum tipo de concurso? Outro afirmou que pretendia fazer sua igreja crescer muito rapidamente, pois ele teria 60% da arrecadação local como sua renda. Outro traçou metas para, num determinado número de anos, ser doutor em teologia e pastor de uma grande igreja.

Certamente a maioria há de concordar comigo que estes não são alvos naturais do ministério, aliás, a palavra ministério designa serviço, e não fonte de benefícios (como os ministérios em Brasília fazem supor). Muitos também hão de concordar comigo que desejar ser amado pela igreja é algo desejável. Mas, qual deve ser a suprema aspiração pastoral em relação à igreja? Um exemplo de pastor dedicado é o apóstolo Paulo (não vou abordar aqui o supremo pastor, porque seria uma comparação desigual, do Deus-homem frente ao homem). Paulo escreve aos crentes tessalonicenses, junto aos quais havia realizado excelente trabalho, plantando na região vários núcleos de igrejas, e lembra-lhes a sua conduta no meio deles: cuidadosa, abnegada, laboriosa, anunciando a todos o evangelho do reino.

Veja que Paulo não estava interessado em obter vantagens ou serviços dos tessalonicenses (1Ts 2.7), embora se julgasse no direito de deles exigir a manutenção. Não é o que encontramos atualmente. Certa vez ouvi de um pastor [?] que entre fazer uma visita e escrever um artigo [era pago para isso] ganhava mais vantagens financeiras com outras atividades paralelas ao ministério. Outro buscou o doutorado porque não queria "sentir cheiro de ovelhas" e ainda seria bem melhor remunerado. Mas que conceito aquelas ovelhas que precisaram de uma visita sua, num dia de dor, tem hoje daqueles que deveriam tê-las pastoreado? Certamente ele não considerava correto o exemplo do apóstolo que trabalhou para se manter enquanto pregava o evangelho. Como ele, há os que querem viver de mercadejar o evangelho. Não há nada de ilícito em viver do evangelho, mas o aspecto financeiro não deve ser, jamais, a aspiração maior do coração de um pastor.

Paulo ainda lembra que havia em seu coração outra disposição (que talvez esteja relativamente escassa em nossos dias). Paulo queria que eles recebessem o evangelho, mesmo que isto lhe custasse a própria vida. Quando analisamos a historia do apóstolo vamos encontra-lo pregando em tantos lugares estranhos [cadeia, praça, navio, casa, margem de rio, etc.] Ele não desperdiça oportunidades para anunciar a salvação no Senhor Jesus. Faz isso diante de judeus, de gentios, de homens e de mulheres, de pobres e de ricos. Anunciava o reino de dia e de noite... perseguido, ultrajado, maltratado, abandonado, preso... mas sempre pregando o evangelho do Senhor Jesus. Sempre buscando levar aos homens o conhecimento da graça salvadora de Cristo.

Era de esperar que Paulo fosse muito amado pelos tessalonicenses (e creio que ele o era), mas, diferentemente da maioria dos líderes atuais, não era uma meta paulina o ser amado pela igreja. Paulo nada fazia buscando o amor da igreja (embora ele ateste que, pelo menos uma igreja o amava profundamente – Gl 4.15), pelo contrário, ele lembrava que a igreja nada devia fazer por partidarismo (Fp 2.3), pelo contrário, ele afirma claramente que jamais procurou o favor dos homens [Gl 1.10]. É óbvio que um pastor não deve ser odiado pela igreja [embora isso aconteça com mais frequência do que imaginamos]. O mandamento do Senhor é que nos amemos uns aos outros – mas se isso fosse natural não haveria a necessidade de mandamentos [Gl 3.24]. Não precisamos dizer que para que a Igreja seja pastoreada ela precisa reconhecer a voz daquele que fala como sendo seu pastor, não simplesmente como estando seu pastor.

Por fim, Paulo aponta para aquilo que é a culminância de seus argumentos e de seu trabalho entre os tessalonicenses: eles se tornaram muito amados do apóstolo. Paulo afirma que os amava muito, e isto era algo que merecia ser lembrado – e eles o sabiam bem (1Ts 2.10-12). Mas não há nenhuma cobrança de que os tessalonicenses amassem a Paulo. Os pastores, como Paulo, devem ter como meta principal ver em seu coração o amor pelas almas perdidas, buscando transformá-los em irmãos amados (Fp 2.1). Não ao ouro ou à prata – isto pode ser conseguido mais abundantemente nas empresas, desde que se trabalhe duro e competentemente (isto já é assunto para outro post). Como Paulo viu, os membros das igrejas devem ser vistos pelos seus pastores como objeto de grande amor. Se a mim fosse dada a oportunidade de dizer apenas uma frase a todos os pastores, eu diria apenas: ame o rebanho que o Senhor lhe confiou – são tesouro precioso, comprado e lavado pelo sangue de Jesus Cristo.

Amor pelas almas servindo fielmente [1Co 4.2] ao seu soberano Senhor, Jesus Cristo – este é o alvo supremo do coração do pastor [Jo 15.13]. Foi por isso que Jesus veio [e ele é o bom pastor – Jo 10.11]. Só merece ser chamado de pastor quem ama as ovelhas – não por causa da lã, da carne ou do conforto... mas porque as ovelhas precisam de orientação, de direção, de cuidado, de tratamento [Lc 15.4-6]. O verdadeiro pastor é aquele que considera importante uma ovelha, ainda que perdida, ferida... é justamente esta que precisa de todo o esforço pastoral... é neste momento que o pastor demonstra seu amor. E é aí que a Igreja conhece a diferença entre o pastor e o mercenário [Jo 1.12-13]. O pastor se doa, o mercenário quer receber. O verdadeiro pastor é digno de viver do evangelho [1Co 9.14], mas o mercenário é apenas um mercadejador, e o seu galardão é apenas terreno [Mt 6.2].

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