… ou como se usa dinheiro público no PAC – Programa de Ajuda aos Companheiros.
O sr. Geddel Vieira Lima era ministro da Integração Nacional. Sob sua “batuta” estava a secretaria de obras contra enchentes. Sua obrigação era administrar recursos para evitar catástrofes como a de Santa Catarina, Piauí, São Paulo e agora, infelizmente, Rio de Janeiro.
O sr. Geddel Vieira Lima é agora, candidato na Bahia, pelo PMDB. Fazendo um balanço simples, especialmente após a tragédia que vitimou mais de 150 pessoas em dois dias [mais que o dobro de vítimas em São Paulo nas chuvas que duraram inacreditáveis 47 dias seguidos] descobrimos que o sr. Geddel liberou aproximadamente 66% dos recursos disponíveis para um só estado, governado por um aliado, a Bahia, e, para o Rio de Janeiro, com população maior e mais concentrada em áreas de risco, apenas 1%.
O que estou afirmando é que houve claro favorecimento político na distribuição de verbas. É claro também que nem todo o recurso disponível pela secretaria seria suficiente para fazer as obras que o Rio de Janeiro necessita – sem falar na necessária e impraticável remoção de favelas inteiras de área de risco, como o morro do Bumbo onde centenas de casas foram construídas sobre um lixão.
Aliás, como não podia deixar de ser, o sr. presidente já falou bobagem, pra variar. Quando o prefeito paulista, Gilberto Kassab, propôs retirar os moradores do Jardim Pantanal [área abaixo do nível da calha do rio Tietê, se não me falha a memória] os agitadores políticos do PT imediatamente se posicionaram contra, exigindo obras de melhoria sanitária, etc… em um lugar onde, por mais que se façam tais obras, a população ficará sempre refém das… chuvas, que independem de vontade política. Mas no Rio o sr. presidente afirmou que é errado o que seus sequazes fazem em São Paulo: “É só falar em remoção que logo aparecem os inimigos do governo para fazer arruaça”. Foi o que fizeram em São Paulo com o apoio do PT. Em São Paulo é manifestação cívica? Tolice. No Rio, governado por um aliado, e arruaça? Lulice, que é pior que tolice. Nos dois casos, exploração eleitoreira. O prefeito do Rio de Janeiro resolveu tomar a mesma atitude proposta por Kassab – sem os arruaceiros do PT a incomodá-lo: remoção de cerca de 2.000 famílias de área de risco. Em janeiro a prefeitura tinha em mãos um mapeamento indicando a remoção de mais de 12.000 domicílios em cerca de 119 comunidades. Esta lista já aumentou, pois tratava-se de um estudo preliminar. O engenheiro Francis Bogossian afirma que em determinados lugares, com a chuva, a resistência do solo ao peso das construções chega a 0%.
Qual a reação da ‘sociedade organizada’? A presidente da associação de moradores do Morro dos Prazeres, Lisa Brandão, petista, afirma que “ninguém vai sair”. Reivindica que o poder público trabalhe para melhorar as condições de moradores [em locais considerados inadequados para construções por características geológicas] e afirma que enviou ofício para entrar no PAC 2. Puro jogo de cena – se o PAC1 não existe [apenas 11% das obras prometidas foram efetivamente executadas, e nesta lista estão investimentos da Petrobrás e até investimentos particulares], imagine quantos ainda morrerão até o PAC1 ser concluído e iniciado o PAC2. Talvez o presidente da república até lá seja um tetraneto do Lula – ou da Dilma… ou dos dois. Ainda não sei que bicho daria, uma mistura de mico de circo com papagaio de pirata.
E onde anda a mãe do PAC na tragédia do estado que recebeu mais “projetos” – não obras concretas, mas projetos, uma verdadeira prateleira deles – aliás, a inauguração de mais uma prateleira de projetos estava prevista para esta semana no morro da Mangueira e foi cancelada, temendo manifestações como a da abertura dos Jogos Panamericanos. Os cariocas não esqueceram…
Voltando à questão do favorecimento político na aplicação de verbas públicas, o ministro Geddel disse que a Bahia tinha mais projetos. Sei… O estado do Rio de Janeiro só recebeu R$ 1.600.000,00 [um milhão e seiscentos mil reais]. O estado de São Paulo recebeu R$ 5.000.000,00 [cinco milhões de reais]. Vale lembrar que este dinheiro é repassado para prefeituras, selecionadas pelo próprio Geddel. Se fosse possível fazer um levantamento de quais prefeituras receberam este dinheiro, certamente encontraríamos uma maioria absoluta de municípios controlados por aliados. E a Bahia, pobre Bahia, onde Geddel já preparava os seus palanques, quanto recebeu? Não tenho nada contra a Bahia, é meu estado natal, grande parte da minha família está lá. Para ilustrar, posso afirmar que este dinheiro não chegou aos cidadãos, como no caso de Santa Maria da Vitória, minha cidade natal, onde uma verba de R$ 110.000,00 desta secretaria destinada à construção de esgotos subterrâneos desapareceu e os esgotos ainda estão lá, a céu aberto. Eu estive lá em janeiro, e pude constatar pessoalmente. Como explicar que uma cidade de 50.000habs tenha recebido o equivalente a quase 10% de todo o valor repassado ao Estado do Rio de Janeiro? Bom, para informação dos leitores, a Bahia só recebeu R$ 426.756.000,00 [quatrocentos e vinte e seis milhões e setecentos e cinquenta e seis mil reais]. Como explicar uma discrepância destas?
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