Esta história beira o absurdo. Mas temos que lembrá-la.
Em 31 de outubro de 2007, uma menina com 15 anos, 1m50 de altura e 38 quilos foi presa por tentativa de furto numa casa de Abaetetuba, interior do Pará [100km da capital, Belém]. Durante o interrogatório, declarou a idade à delegada de plantão Flávia Verônica Monteiro Teixeira. A delegada não levou em consideração que era uma menor, e mandou que a mesma fosse recolhida imediatamente ao cárcere. Detalhe: ali só havia uma cela, e esta já estava ocupada por cerca de 20 homens. Alguém pode imaginar o que aconteceu naquela e nas 25 noites seguintes? Antes que os 25 dias de tortura sexual terminassem, isto é, no décimo dia, a garota foi levada à presença de uma juíza, a MMa. Clarice de Andrade. A juíza mandou que a menina fosse devolvida à mesma cela, com os mesmos colegas de infortúnio [agora, infortúnio só dela, não é?].
Acabou? Não, ainda não. O tribunal de [in]justiça do Pará entendeu que o comportamento das doutoras [delegada e juíza] foi irrepreensível. Depois disso a menina se tornou testemunha de uma investigação sobre estes abusos, foi levada para Brasília e ficou sob os cuidados da Secretaria de Direitos Humanos do ‘humanista’ petista [dá pra ser as duas coisas?] Paulo Vanucchi. Sabe onde a menina que, mais uma vez, deveria contar com a proteção estatal, foi encontrada? Nas ruas, drogada… Não sei que fim levou a menina, agora maior de idade.
Mas pelo menos a Juíza ganhou um prêmio: o Conselho Nacional de Justiça puniu a magistrada com a aposentadoria compulsória proporcional ao tempo de serviço. Clarice de Andrade não é mais juíza. É somente a ex-juíza que preferiu se tornar carcereira de uma menina do Brasil que, antes da liberdade, teve roubada a infância pela insensibilidade e obtusidade de duas pessoas que deveriam, ao menos por serem mulheres, zelar pela segurança de uma igual. Ainda falta o destino da D. Verônica. Aguardemos.
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