A instituição familiar tem sofrido uma série de ataques e tem sido considerada um projeto social falido. O que outrora era considerado a célula mater da sociedade, ensinado em sala de aula em matérias como OSPB e EMC, hoje é apresentado como um mero arranjo transitório e econômico. A mentalidade de que a instabilidade familiar é normal, natural e facilmente aceitável já adentrou na mente de todos, cristãos ou não, liderança ou não, educados à luz do evangelho ou não. Porque tantos ataques à família? Porque tanta desvalorização? Se atentarmos para a história, veremos que as sociedades que tinham no núcleo familiar um dos seus pilares foram sociedades fortes. Podemos olhar para o judaísmo, onde a tradição familiar sustentou, unido, um povo sem território durante praticamente 1900 anos. Se olharmos para os gregos e romanos perceberemos que a decadência greco-romana dá-se quando a família deixa de ser importante como base social. Antes de tratarmos dos problemas que a família enfrenta – e são muitos, pretendo estabelecer alguns parâmetros que nortearão os nossos estudos, e, perder qualquer um deles de vista será como perder uma coluna sobre a qual todo o nosso entendimento sobre o que é a família se assenta. São elas: a família é: Um projeto divino, social e imutável.
A FAMÍLIA É UM PROJETO DE DEUS
Que a família é um projeto de Deus é facilmente perceptível das páginas da bíblia. São numerosas as passagens bíblicas que falam da família – e todas elas com a aprovação de Deus. Desde o Éden encontramos menção à família. Deus a instituiu ao "perceber" que não havia para o homem, em toda a criação, alguém que lhe fosse igual, e, então, fez a mulher [Gn 2.18]. Deus não apenas a fez, mas a levou ao homem e lha deu [Gn 2.22] e ordenou que se relacionassem num ambiente de intimidade, cumplicidade e perfeição [Gn 2.23; 1.28]. Esta era a realidade edênica, antes da entrada do pecado no mundo. Hoje, certamente, é diferente. É óbvio que, atualmente, não há família perfeita. Nenhum homem é esposo e pai perfeito. Nenhuma mulher é esposa e mãe perfeita. Nenhum filho é perfeito. Mas isto não muda nada no projeto que Deus estabeleceu. Cada família tem suas dificuldades – e certamente em áreas diferentes. Há homens mais ou menos amorosos. Há pais mais ou menos cuidadosos. Há esposas mais ou menos submissas. Há homens que não cumprem o mandato de serem o cabeça do lar – e certamente há mulheres que não aceitam tal ordenança. Se me perguntarem se minha família é perfeita ou se ela serve de modelo, certamente direi um sonoro não, mas isto em nada invalida as diretrizes divinas. Gostaria que fosse, mas não é – e nunca será perfeita. Mas nada disso muda o que Deus estabeleceu. Uma família estável, com membros felizes, mas fora do padrão estabelecido ainda será uma família desobediente a Deus. Pergunto-me se esta família não seria ainda mais feliz dentro do padrão espiritual que Deus estabeleceu: o marido amando a esposa como Cristo amou a Igreja e criando os filhos na disciplina e admoestação do Senhor; a esposa submissa ao seu esposo como a Igreja deve ser a Cristo, cuidando dos seus filhos com denodo. E, ainda, os filhos honrando seus pais como devem também honrar ao seu Senhor.
A FAMÍLIA É UM PROJETO SOCIAL
O estabelecimento da família está dentro do tríplice mandato de Deus. Ele estabeleceu o mandato cultural [cuidar do jardim], espiritual [relacionamento com Deus] e também social [crescer, multiplicar e encher a terra – Gn 1.28]. Dentre as numerosas orientações sobre os relacionamentos familiares encontramos o dever de honrar os progenitores [Ef 6.2], cuidar deles na velhice [Mt 15.5]. Os pais devem cuidar dos filhos [Ef 6.4], educando-os no caminho do Senhor [Pv 22.6], e disciplinando-os quando preciso [Pv 23.13] enquanto estes devem honrá-los. O esposo deve amar a sua esposa [Ef 5.25] como parte que precisa de cuidado e proteção enquanto a esposa deve amar seu esposo em sujeição [Ef 5.22], reconhecendo o mandato divino da suserania masculina [I Co 11.3; Ef 5.23]. Por ser um projeto social exige-se que haja, no mínimo, algum tipo de afinidade entre os membros da mesma [II Co 6.14-16; Ed 9.12; 10.10].
A FAMÍLIA É UM PROJETO IMUTÁVEL
Não encontramos nenhuma alteração nas Escrituras a respeito da estrutura linear familiar: pai, mãe, filhos, netos, etc. Não há a menção de componentes acessórios à mesma. É interessante que, ao casar-se, é dito que o homem deixa pai e mãe [sua família – Mt 19.5] e une-se a sua mulher [criando sua própria família]. Não encontramos nenhuma alteração neste aspecto do projeto familiar: continua sendo um homem e uma mulher [Lv 18.22; 20.13; Rm 1.26] com o objetivo de gerar filhos que sujeitem a terra. Casais que deliberadamente rejeitam filhos, por exemplo, fogem ao padrão estabelecido por Deus. Assim como os romanos viram seu império ruírem quando mudaram as estruturas que sustentavam sua sociedade, os ethos, ou grupos familiares sob a responsabilidade de um homem, o pater, isto é, o pai "da família" aquele que detinha o pátrio poder, nossa sociedade, infelizmente pós-cristã [ainda que o cristianismo vá sobreviver a ela] também está ruindo. Homens de duro coração foram perguntar a Jesus se a família podia ser dissolvida por qualquer motivo, e receberam uma resposta tão dura quanto seus corações [Mt 19.3-8]. Aqueles homens queriam mudar a lei de acordo com os costumes – e Jesus diz que os costumes devem se adequar à lei. A única solução para uma melhora significativa na moral da nossa sociedade está na volta aos padrões bíblicos – acintosamente rejeitados pela maioria da população.
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